domingo, 29 de abril de 2012

Exemplos colocação pronominal

Próclise

Pronominais
Dê-me um cigarro
Diz a gramática
Do professor e do aluno
E do mulato sabido
Mas o bom negro e o bom branco
Da Nação Brasileira
Dizem todos os dias
Deixa disso camarada
Me dá um cigarro








Ênclise



Colocação Pronominal


A dúvida agora é em relação à colocação dos pronomes oblíquos átonos (me, te, se, nos, vos, o, a, lhe) na frase. Será que, na frase Não me toque, o pronome deveria ficar antes do verbo (Não me toque) ou depois dele (Não toque-me)? Tudo vai depender dos ímãs. Ímãs? É, são palavras que puxam, atraem esses pronomes: 

Qualquer palavra de sentido negativo, por exemplo, é ímã; atrai o pronome. Não, nunca, jamais, nem, ninguém, nada, etc. 

Exemplo: Não me toque; Acho que ele nunca se tocou; etc.;  

A palavra QUE, menos quando for substantivo, também é ímã. Sempre atrai o pronome: 

Quero que me faça um favor!; Foi ela que se estropiou; E aquele quê chamou-me à atenção (aqui, o quê é substantivo, nome, e não é ímã. Significa algo mais, qualquer coisa), etc.; 

Qualquer advérbio (palavra que exprime circunstâncias de tempo, modo, lugar, afirmação, dúvida, etc.), como hoje (tempo), sempre (tempo), já (tempo), sempre (tempo), talvez (dúvida), agora (tempo), aqui (lugar), etc. 
Exemplos: 
Aqui se faz, aqui se paga; 
Eles agora se entendem; 
Tudo já se acabou; etc. 

Obs.: se, após o advérbio, houver pausa (com vírgula), não haverá a atração: Ontem, deram-me um presente;

Pronomes demonstrativos, principalmente os grifados (este, esse, aquele, isso, isto, aquilo etc.). Exemplos:  Esse garoto se deu mal; Sabia que isso lhe faz bem?;

Pronomes indefinidos (aqueles que se referem a um ser de maneira vaga, imprecisa, indefinida), como tudo, todos, vários, muitos, poucos, diversos, alguém, ninguém, etc. Exemplos: Ninguém se culpou; Creio que todos o chamaram; etc.

Conjunções subordinativas (palavrinhas que ligam as orações subordinadas às principais), como porque, embora, conforme, se, como, quando, conquanto, caso, quanto, segundo, consoante, enquanto, quanto mais, etc.
 Exemplos:
 Ficou bravo porque se danou; 
Quanto mais se gaba, mais se ilude. 

Obs.: se o porque for substituível pela palavra que (caso em que será explicativo), não atrairá o pronome.
 Exemplo:

 Fique quieta já, porque (que) chamaram-na de desequilibrada;
 
Pronomes relativos (que, quem, o qual, a qual, quanto, onde, etc.). 

Exemplos:
 Onde se estabeleceu a desordem?
 Eis a moça a quem me dirigi. 



Somente nesses casos o pronome vem antes do verbo?

Não, faltam alguns detalhes importantes: na expressão formada por em + verbo no gerúndio (o verbo terminado em ndo), o pronome se também fica antes do verbo: Em SE tratando de dinheiro, não tomemos partido. O mesmo acontece nas frases exclamativas e optativas (que exprimem emoção, desejo, etc.). 
Exemplos: 
Que Deus o acompanhe!
Que ele se dê muito bem. 

Outra construção freqüente é a formada por preposição (geralmente a, para...) + verbo no infinitivo (cantar, cantares, cantar, cantarmos, cantarem, etc.). Levando-se em consideração o som, que deve ser agradável, convencionou-se que o pronome também deve posicionar-se antes do verbo. 

Exemplo: Ao se trocarem, notaram vestes estranhas no armário; Para se promoverem, fizeram coisas terríveis; etc.

 Obs.: Se a preposição for a e o pronome, a ou o, preferir-se-á, por questão de sonoridade, a colocação após o verbo: 
Eu estava a olhá-la (e não "Eu estava a a olhar")

 Eu estava a olhá-lo (e não "Eu estava a o olhar").


E quando o pronome vem depois do verbo?

Em primeiro lugar, é bom você saber que, se não houver ímã algum, o pronome pode ficar depois do verbo. Pode, mas é claro que, se for possível a próclise, ela será preferida, pois compactua com a tendência do português falado no Brasil. Veja algumas situações em que se deve colocar o pronome após o verbo:

Uma frase nunca deve ser iniciada por um pronome oblíquo átono (me, te, se, nos, vos, o, a, lhe). 

Algumas inadequações: “Me faça um favor”; “Se preocupou comigo?” Corrigindo-os, teríamos: Faça-me um favor; Preocupou-se comigo?;

Em frases imperativas afirmativas (exprimem ordem, pedido), o pronome também fica depois do verbo: Entregue-me o papel!; Dê-lhe o baralho; etc.;

Com o gerúndio (forma em que o verbo termina em ndo, como andando, correndo, etc.), o pronome prefere ficar após o verbo: O evento ocorreu desse modo, evitando-se os conflitos; Vi as crianças perdendo-se entre agressões; etc. Obs.: na expressão formada por em + se + gerúndio, como já foi dito, o pronome (se) fica antes do verbo.

Exemplo: Em se tratando de futebol, ele é o melhor.


O pronome também pode ficar no meio do verbo?

Pode, claro. Mas a mesóclise, como é chamada essa construção, é praticamente inexistente no português falado no Brasil, tendo em vista que a nossa tendência é pôr o pronome antes do verbo (o que recebe o nome de próclise na Gramática). Mas é inevitável neste caso:


quando a frase for iniciada por um verbo no futuro do pretérito do indicativo (eu faria, tu farias, ele faria, etc.) ou no futuro do presente do mesmo modo (eu farei, tu farás, ele fará, etc.). Nesse caso, não se pode colocar o pronome antes (nenhuma oração deve iniciar-se por pronomes oblíquos átonos) nem depois do verbo. 

Tem que ser no meio mesmo. Outro detalhe: mesmo não sendo em início de frase, quando não existe ímã e o tempo verbal é um dos dois mencionados, pode-se intercalar o pronome: Eu preferi-lo-ia mais bem passado (não há ímã, e o tempo é o futuro do pretérito. Pode-se deixar o pronome no meio ou, preferível, colocá-lo antes (Eu o preferiria mais bem passado). Errado seria colocar o pronome depois do verbo no futuro do pretérito ou do presente (Eu “preferiria-o”).


Eu a amo ou Eu amo-a?


Tanto faz. Com os pronomes eu, tu, ele, nós, vós e eles, a colocação do pronome é facultativa (você escolhe se quer antes ou depois do verbo). Logo, Eu a amo e Eu amo-a estão corretíssimas. 

O infinitivo isolado é outro caso opcional (infinitivo é a forma natural do verbo: vender, cantar, chorar, sorrir, etc.): Sem ofendê-lo (ou Sem o ofender), eu gostaria de tirar uma satisfação. Tome cuidado para não colocar o pronome após particípios (forma em que o verbo, geralmente, termina em do, to e so, como cantado, vendido, dito, etc.): Tenho “dito-lhe” (errado); Tenho lhe dito (certo).


E quando houver dois ou mais verbos?


Se esses verbos dependerem um do outro, tratar-se-á de uma locução verbal (união de um verbo auxiliar e um principal): Todos querem dançar; Ele vai andando; etc.. Esse é um caso bastante simples. 

Se quiser ter a certeza de que sempre estará de acordo com a norma-padrão, é só deixar o pronome oblíquo átono sempre depois do principal, desde que este não esteja no particípio (o verbo principal sempre estará no infinitivo, gerúndio ou particípio). 

Exemplos: 
Realmente não estamos entendendo-a
 Ela quis dizer-me que está bem. 

Se houver palavra atrativa (ímã) antes da locução, o pronome oblíquo poderá vir antes da locução ou depois do principal: Realmente não A estamos entendendo ou Realmente não estamos entendendo-A. 

Se não houver ímã algum, o pronome oblíquo pode, na prática, adotar qualquer posição; de preferência aquela que não nos fira os ouvidos:

 Ela ME quis dizer que está bem
 Ela quis ME dizer que está bem
 Ela quis dizer-ME que está bem 

As duas últimas construções soam de maneira mais natural; em se tratando de colocação pronominal em locuções verbais, quando houver mais de uma possibilidade, apele ao seu ouvido, ao som agradável).



Obs.: Antigamente se usava o hífen quando o pronome vinha depois do verbo auxiliar (Ela quis-me dizer...). 

Hoje em dia, esse procedimento não mais tem sido adotado, apesar de ainda ser considerado correto. Além disso, mesmo nos casos em que há ímã antes da locução, tem sido aceita a colocação do átono no meio dela.

Por: www.cursoderedacao.com




Exemplos de Intertextualidade
















Intertextualidade


Este texto é de Marina Cabral, professora especialista em Língua Portuguesa e Literatura.
A Intertextualidade pode ser definida como um diálogo entre dois textos. Observe os dois textos abaixo e note como Murilo Mendes (século XX) faz referência ao texto de Gonçalves Dias (século XIX):
 
Canção do Exílio

Nota-se que há correspondência entre os dois textos. A paródia-piadista de Murilo Mendes é um exemplo de intertextualidade, uma vez que seu texto foi criado tomando como ponto de partida o texto de Gonçalves Dias.

Na literatura, e até mesmo nas artes, a intertextualidade é persistente.
Sabemos que todo texto, seja ele literário ou não, é oriundo de outro, seja direta ou indiretamente. Qualquer texto que se refere a assuntos abordados em outros textos é exemplo de intertextualização.



terça-feira, 24 de abril de 2012

Uso da vírgula II

Assim como ocorre no período composto por subordinação, o uso da vírgula também se manifesta no período composto por coordenação. Diante de tal afirmativa, vale mencionar que este se perfaz de uma característica marcante – o fato de as orações serem independentes entre si, ou seja, não apresentarem nenhuma dependência sintática entre os termos que as constituem, visto que, como a própria nomenclatura retrata, eles se coordenam de forma mútua.

Ao ressaltarmos acerca desta não dependência, na verdade estamos enfatizando que as orações possuem todos os elementos essenciais à sua composição, isto é, sujeito e predicado. Como podemos constatar em:

Pedro chegou e saiu apressadamente. 
Neste caso, temos a 1ª oração – Pedro chegou.
Temos também o conectivo que as liga – representado pela conjunção “e”.
E a segunda oração – saiu apressadamente. Identificamos que a presente oração possui o mesmo sujeito da primeira, que é Pedro. 

Outro aspecto digno de nota no período em questão é que as orações se subdividem em assindéticas e sindéticas. O termo “assindéticas” revela-nos a ausência de síndeto (=conjunção), como em: 

Abriu a porta, não viu ninguém. 
Não há nenhum conectivo ligando as duas orações, razão pela qual se denominam de assindéticas. 

Compreendidas as características de maior relevância, ater-nos-emos agora ao caso da vírgula entre a referida modalidade. Vejamos:

* As coordenadas assindéticas são separadas por vírgula. 
Ex: Ao constatar que o lugar era desconhecido, resolveu seguir viagem. 

* As coordenadas sindéticas, de modo geral, separam-se entre vírgulas, exceto aquelas demarcadas pela conjunção “e”, classificadas como aditivas (ver primeiro exemplo). 
Ex: Ele a respeitava bastante, embora não concordasse com suas opiniões. 
Or. coordenada assindética    | oração coordenada sindética adversativa 

Entretanto, há algumas exceções no que se refere às aditivas. Note:

# Separam-se entre vírgulas as orações coordenadas ligadas pelo conectivo “e” quando possuírem sujeitos distintos. 
Ex: O rapaz nem se preocupou em se explicar, e seu pai também não fez questão de saber. 

Oração coordenada assindética                           | oração coordenada sindética aditiva.

# A vírgula também se faz presente quando a conjunção “e” aparece repetida várias vezes - caracterizando um recurso linguístico denominado de polissíndeto. 
Ex: Ele estuda, e trabalha, faz serviços extras, e ainda encontra tempo para se divertir nos finais de semana. 

A vírgula entre as orações intercaladas 
* Separam-se por vírgulas todas as orações intercaladas. 
Ex: São somente estas, a não ser que existam outras, as encomendas que deverão ser entregues. 

Observação:
Neste caso, a vírgula também poderá ser substituída por outro sinal de pontuação – o travessão.

Ex: Todos aqueles – com exceção da menina – são meus primos.


Fonte: www.portugues.com.br

Uso da vírgula

A vírgula, assim como tantos outros elementos relacionados aos conteúdos gramaticais, encontra-se submetida a determinadas regras no que se refere à sua aplicabilidade ou não. Dentre as várias circunstâncias em que este sinal de pontuação se faz presente, destacam-se os períodos compostos por subordinação e coordenação. 

Assim sendo, atendo-nos ao objetivo de nos tornarmos um pouco mais familiarizados com o assunto em questão, de modo a constatarmos como realmente se materializam tais ocorrências, analisaremos alguns casos:

A vírgula entre orações subordinadas e a principal:
* Orações subordinadas substantivas:
Não se recomenda o uso da vírgula entre as orações subordinadas substantivas e a oração principal. 
Ex: Não permito | que você faça parte do meu grupo. Oração principal| oração subordinada substantiva objetiva direta.

Observação importante:
O uso da vírgula somente se aplica às orações subordinadas substantivas apositivas, podendo também ser demarcadas pelos dois-pontos.
Ex: Minha esperança é somente esta |, que você possa um dia me entender. Oração principal                                       | oração subordinada substantiva apositiva.


* Orações subordinadas adjetivas
- As orações subordinadas adjetivas restritivas não são separadas por vírgula.
Ex: A menina| que estuda no colégio Dom Bosco | recebeu a premiação. 
Or. principal  | or. subordinada adjetiva restritiva    | oração principal.

- As orações subordinadas adjetivas explicativas vêm sempre demarcadas pela vírgula. 
Ex: Dom Casmurro, obra de Machado de Assis, é uma excelente opção de leitura. 
Oração principal       | subordinada explicativa      | oração principal.


* Orações subordinadas adverbiais 
Geralmente, recomenda-se o uso da vírgula em todas as orações subordinadas adverbiais.
Ex: Como desejava passar no vestibular|, matriculou-se em cursinho especializado. 
Oração subordinada adverbial causal     | oração principal.

Atenção: 
Caso a oração subordinada esteja posposta à principal, o uso da vírgula é dispensado. 

Preparamo-nos com bastante antecedência |para não perdermos o espetáculo. Oração principal                                                    | oração subordinada adverbial final.


* Orações subordinadas reduzidas 

A mesma regra que se aplica às subordinadas desenvolvidas, aplica-se também às reduzidas, ou seja, quando a oração reduzida vier antes da principal, a vírgula é necessária, e quando vier depois, não é obrigatória. 

Exemplos:

Para acalmar os pequenos |, sugeri uma leitura.
Or. subord. adv. reduzida      | oração principal. 

Sugeri uma leitura | para acalmar os pequenos.Oração principal     | oração subordinada adverbial reduzida.


Fonte: portugues.com.br

O CONTO E SUA ESTRUTURA

O CONTO E SUA ESTRUTURA


O conto é um texto de pequena extensão, normalmente bem curto (menor que a novela ou o romance) e empolgante, o que torna este limitado aos fatos relevantes. O enredo, basicamente, uma estrutura que começa com uma breve apresentação, depois a história é levada a uma pequena “complicação”, atingindo aí o seu clímax e culminando com um desfecho, que, em alguns casos, deixa o final do conto em aberto, cabendo ao leitor colocar suas próprias impressões sobre o fato e criar o seu fim de fato.
Quanto ao gênero é apresentado em forma de narrativa e quanto à forma de escrever em prosa. Este gênero apresenta grande flexibilidade, podendo até mesmo tornar-se bem parecido com uma crônica ou uma poesia. Alguns historiadores acreditam que este gênero descenda do mito, da lenda, da parábola, do conto de fadas e, até mesmo, das anedotas.

Embora seja composto de todos os elementos de uma narrativa, tem poucos personagens o que delimita, consubstancialmente, o tempo e o espaço. Apresenta apenas um clímax, enquanto em um romance, por exemplo, a obra vai se desdobrando através de vários outros conflitos, que podem ser entendidos como secundários. Isto faz o conto ser sucinto.
A origem do Conto, enquanto forma literária, é pouco divergente, entretanto imprecisa já que o primeiro momento em que se pode perceber o uso dessa estrutura foi numa fase oral, conforme estudos de Vladimir Propp (A morfologia do conto maravilhoso), pois, mesmo havendo textos que podem ser considerados contos desde O livro do mágico, que data de cerca de 4000 a.C. (momento em que é registrado o início da fase escrita dos contos, no Egito) até à Bíblia, entende-se que Giovanni Boccaccio (1313 – 1375), no século XIV, estabeleceu as bases dessa forma narrativa em seu livro Decameron. O conto, na verdade, nasceu de maneira humilde e anônima e era um relato simples e despretensioso de situações fictícias para ser apreciado em momentos de entretenimento.
Então, o conto cria um universo paralelo onde seres fictícios vivem situações de seu cotidiano fantasioso, às vezes próximos do real, mas com o intuito de criar um estranhamento através de uma leitura da sociedade. Ele apresenta um narrador, personagens e enredo, mas também um ponto de vista, o que faz com que a obra tenha um caráter mais ou menos agressivo enquanto crítica social.
A melhor maneira de compreender um conto seria inicialmente fazer uma primeira leitura deste e depois tentar levantar informações sobre o seu autor, sua biografia, para se situar no universo deste. Normalmente um conto não é publicado isoladamente, às vezes faz parte de uma obra maior. Depois disto devemos tentar compreender as palavras utilizadas, a escolha destas não é casual, então devemos tentar perceber porque fora usada esta e não uma outra que tenha o mesmo significado. O título também é muito significativo, tentar descobrir, no texto, o que levou o autor a optar por este título deixa o leitor mais sagaz. A partir de então, podemos começar a analisar propriamente o texto e para tanto, algumas perguntas hão de se tornar uma constante, tais como QUEM?, POR QUE?, ONDE?, COMO?, QUANDO?.
Existem grandes especialistas em análise de contos, conhecer a sua visão sobre a estrutura de um conto torna mais fácil e prazerosa a leitura de qualquer destes. A professora Heidi Strecker dá dicas de grande importância e utilidade para quem quer começar a ler contos ou aprimorar-se no entendimento destes.

Fonte Contando o conto, texto de Alessandro Freitas

segunda-feira, 9 de abril de 2012

Reflexão

A cada dia que passa, penso e repenso minha postura como professora e educadora. Observo que o estudo da Língua Portuguesa pode parecer difícil, mas não é. O que acontece então para que meus alunos não consigam assimilar as regras? Como atingi-los?
Na realidade os estudo da língua pode ser prazeroso e até divertido, depende da forma como abordamos.  A meu ver os alunos sentem dificuldades primeiramente pela idade em que se encontram, a adolescência, um período de questionamentos e não aceitação de regras, por isso entender as regras de funcionamento da língua pode sim parecer difícil.
Questiono o ensino da gramática como é feita pelos gramáticos, não basta apenas ensinar as regras, temos que mostrar como é o processo. Muitas vezes crio pequenos esqueminhas que fogem às regras da gramática normativa, e observo que os alunos conseguem compreender melhor o que é passado. É através da reflexão e do questionamento que podemos chegar aos denominadores da gramática. Termino esta pequena reflexão com a letra de Estudo Errado de Gabriel O Pensador


Eu tô aqui Pra quê?
Será que é pra aprender?
Ou será que é pra sentar, me acomodar e obedecer?
Tô tentando passar de ano pro meu pai não me bater
Sem recreio de saco cheio porque eu não fiz o dever
A professora já tá de marcação porque sempre me pega
Disfarçando, espiando, colando toda prova dos colegas
E ela esfrega na minha cara um zero bem redondo
E quando chega o boletim lá em casa eu me escondo
Eu quero jogar botão, vídeo-game, bola de gude
Mas meus pais só querem que eu "vá pra aula!" e "estude!"
Então dessa vez eu vou estudar até decorar cumpádi
Pra me dar bem e minha mãe deixar ficar acordado até mais tarde
Ou quem sabe aumentar minha mesada
Pra eu comprar mais revistinha (do Cascão?)
Não. De mulher pelada
A diversão é limitada e o meu pai não tem tempo pra nada
E a entrada no cinema é censurada (vai pra casa pirralhada!)
A rua é perigosa então eu vejo televisão
(Tá lá mais um corpo estendido no chão)
Na hora do jornal eu desligo porque eu nem sei nem o que é inflação
- Ué não te ensinaram?
- Não. A maioria das matérias que eles dão eu acho inútil
Em vão, pouco interessantes, eu fico pu..
Tô cansado de estudar, de madrugar, que sacrilégio
(Vai pro colégio!!)
Então eu fui relendo tudo até a prova começar
Voltei louco pra contar:
Manhê! Tirei um dez na prova
Me dei bem tirei um cem e eu quero ver quem me reprova
Decorei toda lição
Não errei nenhuma questão
Não aprendi nada de bom
Mas tirei dez (boa filhão!)
Quase tudo que aprendi, amanhã eu já esqueci
Decorei, copiei, memorizei, mas não entendi
Quase tudo que aprendi, amanhã eu já esqueci
Decorei, copiei, memorizei, mas não entendi
Decoreba: esse é o método de ensino
Eles me tratam como ameba e assim eu não raciocino
Não aprendo as causas e conseqüências só decoro os fatos
Desse jeito até história fica chato
Mas os velhos me disseram que o "porque" é o segredo
Então quando eu num entendo nada, eu levanto o dedo
Porque eu quero usar a mente pra ficar inteligente
Eu sei que ainda não sou gente grande, mas eu já sou gente
E sei que o estudo é uma coisa boa
O problema é que sem motivação a gente enjoa
O sistema bota um monte de abobrinha no programa
Mas pra aprender a ser um ingonorante (...)
Ah, um ignorante, por mim eu nem saía da minha cama (Ah, deixa eu dormir)
Eu gosto dos professores e eu preciso de um mestre
Mas eu prefiro que eles me ensinem alguma coisa que preste
- O que é corrupção? Pra que serve um deputado?
Não me diga que o Brasil foi descoberto por acaso!
Ou que a minhoca é hermafrodita
Ou sobre a tênia solitária.
Não me faça decorar as capitanias hereditárias!! (...)
Vamos fugir dessa jaula!
"Hoje eu tô feliz" (matou o presidente?)
Não. A aula
Matei a aula porque num dava
Eu não agüentava mais
E fui escutar o Pensador escondido dos meus pais
Mas se eles fossem da minha idade eles entenderiam
(Esse num é o valor que um aluno merecia!)
Íííh... Sujô (Hein?)
O inspetor!
(Acabou a farra, já pra sala do coordenador!)
Achei que ia ser suspenso mas era só pra conversar
E me disseram que a escola era meu segundo lar
E é verdade, eu aprendo muita coisa realmente
Faço amigos, conheço gente, mas não quero estudar pra sempre!
Então eu vou passar de ano
Não tenho outra saída
Mas o ideal é que a escola me prepare pra vida
Discutindo e ensinando os problemas atuais
E não me dando as mesmas aulas que eles deram pros meus pais
Com matérias das quais eles não lembram mais nada
E quando eu tiro dez é sempre a mesma palhaçada

Refrão
Encarem as crianças com mais seriedade
Pois na escola é onde formamos nossa personalidade
Vocês tratam a educação como um negócio onde a ganância, a exploração, e a indiferença são sócios
Quem devia lucrar só é prejudicado
Assim vocês vão criar uma geração de revoltados
Tá tudo errado e eu já tou de saco cheio
Agora me dá minha bola e deixa eu ir embora pro recreio...

Juquinha você tá falando demais assim eu vou ter que lhe deixar sem recreio!
Mas é só a verdade professora!
Eu sei, mas colabora se não eu perco o meu emprego