Ao estudar as orações subordinadas adverbiais e as orações coordenadas, atentem para os seguintes pontos.
Conjunção como: valores semânticos.
A conjunção como pode introduzir orações adverbiais causais, comparativas e conformativas.
Veja os exemplos:
1Como fiquei doente, não fui à escola. (causa)
O fato de ele não ter ido à escola teve como causa a doença. Então, o fato de ter ficado doente foi fato gerador da não ida à escola.
Perceba que há uma relação de causa e conseqüência:
FICAR DOENTE (causa) – NÃO IR À ESCOLA (conseqüência)
A oração principal não fui à escola expressa a conseqüência causada pela oração subordinada causal Como fiquei doente.
OBS.: A conjunção como exprimindo idéia de causa só pode ser usada no início da oração. Então, se a conjunção como estiver depois de outra oração, você já pode excluir essa possibilidade.
2Essa mulher fala como papagaio. (comparação)
Percebe-se, claramente, que há uma comparação entre o ato da fala da mulher e o ato da fala do papagaio. Isto é, ela fala tanto quanto um papagaio, igual a um papagaio, que nem um papagaio.
OBS.: Veja que a conjunção como iniciou a segunda oração, o que já nos faz descartar a hipótese de ela ser uma conjunção causal.
3Como já foi noticiado pelo rádio, o presidente viajou. (conformidade)
Veja que tomamos conhecimento da viagem do presidente por meio da notícia veiculada pelo rádio. Então, temos uma idéia de conformidade.
Conformidade = acordo, concordância de um fato com outro.
Vamos excluir as outras hipóteses:
Apesar de iniciar a oração, não é causal, pois o fato do presidente ter viajado não tem como causa, razão, motivo, o fato de essa viagem ter sido noticiada pelo rádio, ok?
Não é comparativa, porque não se compara a viajem com nada.
Então, é conformativa, pois o presidente não viajou por nada, mas em conformidade, em acordo, com o que foi noticiado. A viagem ocorreu conforme foi noticiado pelo jornal, segundo o rádio noticiou etc.
Conjunção que: valores semânticos.
Veja os exemplos:
1Minha escola sempre foi melhor que a sua. (comparação)
Fica claro que a conjunção que liga as duas orações, estabelecendo entre elas uma comparação ao dizer que a escola de um é melhor do que a escola do outro. A escola é o foco da comparação.
2Ela gritou tanto, que ficou rouca. (conseqüência)
Observe que a rouquidão foi conseqüência de ela ter gritado muito. Veja que há uma relação de causa e conseqüência, em que a conseqüência é iniciada pela conjunção que e a causa, que provocou essa rouquidão, está presente na oração principal. Então, essa oração poderia ser transformada em uma subordinada adverbial causal.
Ela ficou rouca, porque gritou muito.
OU
Como gritou muito, ela ficou rouca.
As orações introduzidas pelas conjunções como e porque introduzem orações adverbiais causais. O que nos faz concluir que, para toda causa há uma conseqüência e, para toda conseqüência há uma causa que a originou. Apenas temos que observar quem é a oração principal (aquela que não é iniciada por conjunção) e a subordinada (a iniciada por conjunção ou reduzida), caso a conseqüência esteja na subordinada (introduzida por conjunções consecutivas) ela se classificará em subordinada adverbial consecutiva; caso a causa esteja na subordinada (introduzida pelas conjunções causais), esta será adverbial causal. Entendeu?
3Exaustos que estávamos, fizemos uma pausa de meia hora. (causa)
Veja que nesse caso, a conjunção que pode ser substituída pela conjunção porque ou como.
Como estávamos exaustos, fizemos uma pausa de meia hora.
Fizemos uma pausa de meia hora, porque estávamos exaustos.
O estar cansado (exausto) é causa que fez com que nós fizéssemos uma pausa de meia hora. Observe que há uma relação de causa e conseqüência, como explicamos no exemplo anterior (item 2). Só que, como a primeira oração possui uma conjunção e indica a causa que provocou a ação realizada na segunda oração, ela é subordinada adverbial causal.
4Uma hora que fosse, para ele seria pouco. (concessão)
Observe que a conjunção que indica um fato que contraria o que se esperava. Isto é, mesmo dispondo de tempo, para ele seria pouco. A idéia da primeira oração quer dizer que independente do tempo que possuísse, mesmo assim seria pouco, entendeu? Daí, a idéia de concessão, pois espera-se que, com tempo suficiente, a pessoa ficasse satisfeita, mas não é isso que ocorre.
Embora tivesse uma hora, para ele seria pouco.
5Fiz-lhe sinal, que se calassem. (finalidade)
Essa oração tem que se bem entendida. O sinal que o sujeito fez foi com a finalidade de que todos se calassem. Então, a conjunção que inicia uma oração adverbial final, pois pode ser facilmente substituída pelas conjunções para que e afim de que, que são tipicamente de finalidade.
6Não chore, que é pior! (explicação)
Essa oração merece uma maior atenção. A conjunção que, aqui, é coordenativa, diferente das outras conjunções que eram todas subordinativas, introduzindo orações adverbiais.
Nesse caso, a conjunção coordenativa que exprime uma idéia de explicação. Veja que na primeira oração há uma ordem, um pedido ou um conselho (dependendo do contexto em que essa frase foi dita), então, para toda ordem, pedido ou conselho, geralmente, vem, em seguida, uma explicação. Daí, concluímos que a oração iniciada por essa conjunção coordenativa é uma oração coordenada sindética explicativa.
OBS.: às vezes temos a tendência de confundir uma oração que expressa causa de outra que transmite uma explicação. Analise as duas orações seguintes:
A vida na fazenda é boa, porque o ar é puro.
Não fui à escola porque choveu.
Veja que, no primeiro caso o fato do ar ser puro não provoca a conseqüência direta da afirmação feita na primeira oração (a vida na fazenda é boa). O fato de o ar ser puro é um motivo que me faz achar que a vida da fazendo é boa, entendeu? Ar puro e vida na fazenda ser boa não tem relação de causa e conseqüência.
No segundo caso, a chuva é fato gerador do outro fato, isto é, a chuva pode provocar a dificuldade de se locomover para um determinado local, no caso da frase, a escola. Então, a oração porque choveu é adverbial causal, isto é, exprime a causa que provocou a ação da oração principal. Tanto que você pode transformar a adverbial causal em oração principal e a oração principal em adverbial consecutiva: Choveu tanto, que não fui à escola. O que você não pode fazer com o primeiro caso: O ar é tão puro, que a vida na fazenda é boa???? Quem acha a vida da fazenda boa sou eu, o fato do ar ser puro é uma explicação que, para mim, enfatiza, explica o porquê de eu achar essa vida de fazenda boa. Entendeu? O ar puro não provoca ia boa na fazenda, até porque os verbos são de ligação.
Texto da professora Gilsa Elaine
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